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Poucos cientistas vivenciam um momento de carreira como o de Luciana Gatti quando, em julho de 2021, foi a principal autora de um artigo científico publicado na Nature que marcou uma virada na compreensão do público sobre o estado do nosso planeta. O artigo, “Amazônia como fonte de carbono ligada ao desmatamento e às mudanças climáticas (Amazonia as a carbon source linked to deforestation and climate change em inglês)”, proclamava que a floresta tropical mais mítica e preciosa do mundo havia declinado de um sumidouro de carbono para uma fonte de carbono.
O trabalho que sua equipe vinha realizando há décadas ganhou as manchetes e as entrevistas foram inundando conforme as pessoas se perguntavam se isso poderia ser realmente o caso. Gatti trabalhou dia e noite para responder e explicar da melhor forma possível, não para seu próprio bem, mas para o bem de todos, aproveitando a oportunidade para despertar as pessoas para os efeitos severos das mudanças climáticas, incêndios e desmatamento.
“Ao desmatar a Amazônia, estamos acelerando as mudanças climáticas porque estamos enviando mais dióxido de carbono para a atmosfera, reduzindo a precipitação e aumentando as temperaturas”, disse ela no ano passado em uma GLF Live. “Não fale sobre legal ou ilegal – não importa. Desmatamento zero. E sem incêndios durante a estação seca; quando as florestas estão muito secas, podem queimar muito mais vegetação.”
Gatti, pesquisadora sênior em mudanças climáticas e emissões de gases de efeito estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), coordena um laboratório de gases de efeito estufa e estuda as emissões da Amazônia desde 2004. Ela lidera um grande time usando tecnologia de ponta para monitorar e mapear uma paisagem quase o dobro do tamanho da Índia, mas tudo isso vem de sua curiosidade inata sobre o planeta.
“Sempre fui uma pessoa curiosa, cheia de ‘por quê?’”, diz ela. “Ser cientista é tentar entender a natureza. E entender o que a Amazônia representa para nós e vê-la sendo destruída coloca um senso de urgência em propagar o máximo possível o entendimento de que precisamos preservá-la para o bem de todos e a saúde do planeta Terra.”